segunda-feira, 1 de novembro de 2010

OS JOELHOS

São as ruas da cidade que aos poucos ficam mais infestadas de concreto, os novos modelos de automóveis que sinalizam a passagem da história e os hipocondríacos, que sorriem tristonhos para a "civilização". Enquanto isso, você senta, acende outro cigarro, e espera que o tempo limpe toda sujeira que você não soube desembaraçar. Depois do tropeço, depois de machucar os joelhos...

É tarde, e a vida segue, enquanto alguns sonhos morrem na contramão.





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quarta-feira, 29 de setembro de 2010

O TEMPO, O VENTO E O CLIMA.

É o silêncio que desarranja.

O tempo, o vento e o clima, que às vezes são como um sopro, e às vezes demora a passar, a corrigir, a curar...Um pouco mais, um pouco menos, todas as noites antes de dormir lembra daquele garotinho. Aquele garotinho que mastigava poeira pelos caminhos e carregava tijolos com seu avô, aquele garotinho que mudaria o mundo, ao menos, o seu...

De fato, hoje, parece que alguma coisa aconteceu, e ele não se deixou ser estático e inerte.

E um dia, se sempre sente aquela sensação que falta-lhe algo, a primavera vai estar completa. É só esperar pelo tempo, o vento e o clima. E sorrir para todas as flores, por certo, absolutamente real e feliz.


domingo, 4 de julho de 2010

SUSPIROS E POUCO AÇUCAR

Ele me disse que não fumava a treze anos, me contou algumas coisas sobre a vida que eu nunca imaginei, por último, com um olhar severo, me disse que quem nasce para ser Tatu morre cavando.

Quem nasce para ser Tatu morre cavando. Isso não saia da minha cabeça. Você planeja uma noite com um bom vinho, palavras de afeto e todo amor que o mundo pode ofecer. Parece ainda é pouco.

Guardo o cheiro de todos os lugares que estive, é essa a sensação que mais me chama a atenção. O cheiro é uma sensação de vida, marca, não como a barba. Essa você esquece, como todos os rostos desagradaveis de si mesmo, no espelho...

Sei de tantas histórias, de tantos fatos, e não tenho nenhum sobre eu próprio. É sempre esse desacordo sobre essa ou aquela marca de cigarros, aquele ou esse conhaque, preto ou branco, xadrez, ou quem sabe, o apagado. Um, dois, três, a vida se desfaz como num copo de gelo. Seja como for, você continua pensando naquilo que não te deixa dormir.

Você sempre ouve as as mesmas músicas. A inércia não te deixa respirar, talvez precisasse párar.

É tão difícil abrir o pára-quedas psicológico do eu interior, o pára-quedas do coração, do espírito, da alma. Abrir os ouvidos e escutar os seus pais, mas eles estão errados, só agora, como sempre, como estranhos, você não se entende.

Você tenta esquecer quem você é.

Memorizo as luzes da cidade, um pôr-do-sol, lembro de um amor antigo de uma noite inesquecível. Lembro que lembro algumas coisas, que não esqueci o esquecimento. Vou tateando o mundo como um cego que encontra texturas enfadonhas. Você deveria abrir a janela, esquecer os muros, fumar nas portas de um hospital. Eu poderia ficar, ou partir...

Me fale sobre o seu dia - as escadas que desceu, o um livro que não leu, o sentimento que abandonou - as horas que não vieram, o sorriso que floresceu...

Tem milhares de papéis que seriam melhores como uma escultura, como um imenso "castelo de cartas". Você tenta dançar uma música que não toca e se imagina feliz sorrindo, casado, com filhos em meio de tijolinhos e concreto. Muito alface e tomates secos, amargos como rúcula...

Me deixa dormir mas não me esquece.

Tinha a calma que me perturbava, sorria como se tivesse asas e caminhava como quem não vive, mas sente e é feliz, por ser um pedaço de uma engrenagem que não está ali dentro. Mesmo sendo parte da engrenagem. Como um relógio que marca as horas sem se dar por isso, sem se dar conta de nada.

Quem nasce Tatu morre cavando.

Poderia sintetizar os sonhos como quem escreve uma canção feliz. Durante a vida foi acumulando papel e esqueceu de si mesmo. Escreve como se pudesse se jogar de um prédio alto. Covarde.

Sabe aquela sensação de que o amanhã vai ser melhor, aquela sensação de que seus sonhos estão crescendo, de que seus pés estão firmes, de que você vai encontar uma boa saída. Ela nunca chega. Ela nunca se dá conta disso, ela se perde na sua desorganização paranóica e escandalosa, na sua desordem maravilhosa, na sua desordem que te encanta. Nas palavras que mentem.

E todos esses riscos te estragando o quadro...
Tem riscos demais a estragar-te o quadro...

Tom Smith canta na sutileza dos meus pensamentos...

Ao redor, a vida não parece párar, é a inércia que te mata lentamente...






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terça-feira, 15 de junho de 2010

"TEMPOS DE MARACUJÁ"

"De todas as coisas que tive, as que mais me valeram, das que mais sinto falta, são as coisas que não se pode tocar. São as coisas que não estão ao alcance das nossas mãos. São as coisas que não fazem parte do mundo da matéria."
Lourenço Mutarelli

Entre a realidade plausível por dentro, há uma grande diferença da realidade concreta por fora.

Eu poderia começar com um grande porre. Ou talvez, com a estagnação passageira de todas as horas da realidade imutável. Poderia enumerar o grande número de papéis, mas é toda a fumaça que faz mal, não a poeira.

Fernando Pessoa escreve na velocidade incontida dos meus pensamentos.

Eu poderia pensar que talento não é habitual e congênito, mas uma recompensa natural por muito tempo de esforço. Eu poderia sair correndo e dizer forte o quanto me importo com ela. Eu passaria horas apenas ouvindo Radiohead.

Eu poderia enumerar a triste incoerência entre vegetais orgânicos e a busca insaciável pela auto-escatologia. Mas, talvez, o que mais tem me preocupado, não é a coriza, é não conseguir jogar tudo para fora.

A inconsciência é o fundamento da vida. Talvez eu precise, como quem arranca ervas daninhas, extirpar toda ferrugem, aliás, o coração, se pudesse pensar, pararia.

Durante todos esses anos, fiquei divagando demais sobre todas as possibilidades, as oportunidades inatas ao destino que não vieram, melhor, que nunca existiram. Durante todo tempo, havia passado as noites tentando mapear a lógica incontrolável das estrelas, os atropelos da vida, da falta de coragem, quem sabe, da falta de caráter. Como a imagem real, projetada no espelho, e todo fictício fantastico projetado nos devaneios da mente.

A coisa mais [comum] que eu tenho visto, são fumantes no lado de fora das portas do hospital.

Eu já tive mais cabelo. Arquétipos sorridentes, dançantes. Mas, a vida não passa dum simples balé enfadonho.

Ladrilhos em preto e branco, a inexplicável insensatez da fantasia material.

Agora vou entendendo, que as linguagens do corpo, não são tão importantes quanto as liguagens as da alma.


É Tempo, de maracujá...









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domingo, 6 de junho de 2010

LOS ABRAZOS ROTOS...

Eu sempre soube que aquele seria o último beijo. A última sensação dos cheiros que se misturam, contentes de estarem juntos, porque amam... Porém, a que se dizer, que entre o melhor pedacinho do mundo inseguro e inquieto, sem a paz de espíto ou não coração, a galáxia toda, haverá de te fornecer outors sonhos.

Deve de ser o que falatava e precisava para me deixar dormir...ainda que, amando...

Aquele garotinho pequeno que sonhava ser escritor e fazer História, hoje está vivo...





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sábado, 5 de junho de 2010

GUARDA-CHUVA

Garoto estranho, caminhando sozinho. Um guarda-chuva, alguns trocados, os planos bem elaborados. O sonho americano, uma casinha de tijolos sólidos, com chocolates e tudo o que o Mundo pode oferecer...

Queria ser gordo, ser danoninho, leite-moça, doce e sincero, como açucar. Entretanto, caminha sozinho, com um guarda-chuva. Pensa num clássico, mas, ingenuamente, como uma criança que ganha um doce de amendoim, não há com quem coversar.

Você vai morrer com livros empoeirados sem comer carne. Vai cair insistindo sem fé nenhuma. Tentando ser mais forte, mais forte. O que dizer do tecnicismo barato que não absorve, o que dizer das fantasias do glamour esdrúxulo, de ser ríduculo pensando que ama alguma coisa...

"Posso ser tudo, ou posso ser nada, ou qualquer coisa [...] Dança comigo."

A vida é um cata-vento esperando a direção concreta. E quando o vento chegou, estava parado, fumando um cigarro barato, pensando que pensava não se importar.

O mundo da matéria não é rico como o mundo do espírito. Para compreender tudo isso, é preciso, primeiro, compreender o Divino, e para compreender o Divino, é preciso ser danoninho, ser leite-moça. Mas um "herói" (se assim podemos dizer) que caminha sozinho, com um guarda-chuva, jamais a de ser tanta coisa. Primeiro teria de ter aventuras, quem sabe, moinhos de vento, ou dragões fictícios, não sendo somente o cavaleiro da triste figura. Ser Dom Quixote na vida.

Há muito silicone desafiando a gravidade...

Me pergunto se, um bolo de milho salagado é um bolo. Naturalmente, pensa nos bolos como algo doce, se é salgado, deverá de ser um torta. Salgadas, são as tortas, não os bolos, como ordem lógica, concreta e bem definida. E tudo isso quebra o encanto que haveria de ter todas as coisas.

"atravessando-se na passagem, é um animal áspero e intratável quando não tem de enxugar as lágrimas."







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domingo, 9 de maio de 2010

MÃE

Fazia tempo que o dia não me nascia tão cedo.

Entre os presentes do eu distante, Eu. Outra vez mais. Somente aquele velho abraço partido. Aquela sensação da promessa, que será para sempre uma mera promessa. Taxada, reproduzida massivamente, ecoando. Nunca. Aquelas coisas que não chegam e só pode sonhar. As palavras de hoje são, sem sombra de dúvida, as do Grande Mestre, não preciso expressá-las de uma forma exdrúxula e tacanha, já estavam escritas:

"Não sou nada.
Nunca serei nada,
Não posso querer ser nada.
À parte isso, tenho em mim todos os sonhos do mundo."




Como sempre, toda merda que move o mundo...girando...


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sábado, 8 de maio de 2010

PROCURAR OS MOINHOS DE VENTO...

"O homem não tem importância."
Miguel de Cervantes

Passou a noite refletindo sobre a imbecilidade de tudo que tinha feito. Poucas histórias, amores mal vividos, porradas não levadas, felicidades e infelicidades que nunca tentou buscar. Moralmente tributável. Crescer, ser maior, sabe.

Não tinha despedida, porque nem mesmo acreditava nos sonhos da chegada.

Pequeno, estava olhando para os pés. Persistindo sem fé nenhuma. Brigando com as paredes. Embrutecendo os pulmões.

O medo de ser Dom Quixote na vida.
O que tinha acontecido com ânsia fantástica forte como o trepidar das asas de uma libélula.

Reparava nas pessoas da cidade, quantas vezes não invejou alguém somente por não ser ele mesmo.

Não tinha moinhos de vento. De pensar nisso, o que era pior que enfrentá-los, pareceu mesmo que a tão sonhada liberdade não existia. E o homem, este não tem mais importância nehuma. Marlon Fiori não deverá de ter importância nehuma. Como os papéis, espalhados pelo quarto.





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quarta-feira, 5 de maio de 2010

SEVERO ESQUECIMENTO NOS PRIMEIROS DIAS DE MAIO

Há quem diga, que era um sujeito de personalidade tacanha.
Uma noite concentrada em todas as desavenças criadas no governo e pela morte de Ludovico Pío.

A tortuosidade do tema exige, algum tato. É preciso andar pelos palácios, entrar em cada assembléia geral. O tratado de Verdún, em 843. Lotário e sua ânsia pelo Império. Nem de longe houve, um novo Carlomagno.

A modernidade deve ter trazido consigo uma maior mediocridade nos críterios, nas maneiras, nos prazeres e nos valores. Mas, a personalidade, já era algo fadado ao ostracismo. Bastante antes...

Sei não se a História, essa com H maior, que talvez nem mesmo exista; ensina, dando exemplos. Entre os grandes homens, muitas vezes de baixa estatura, existem os meãos, os ordinários, os que ninguém escreveu ou pintou. Aliás, são esses os que mais me fascinam, ainda que 840, a morte de Ludovico Pío, Pío de piedoso, seja algo digno de ser lembrado.

Quando a manhã amanhece redundante como a vida, fria, propícia a uma boa xícara de café e um cigarro. Aqui em casa importam outros valores. Entre o império carolíngio e o século XXI, minha mãe só quer que eu absorva um bom sálario. A personalidade e o seu ostracismo...






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terça-feira, 4 de maio de 2010

ENGRENAGEM

Se preocupar com a cavalaria, se preocupar com Rabelais. Estou hoje mais preocupado com Rabelais que com a cavalaria. Chegará o dia, se assim ficar a lógica, que vou me preocupar com a metafísica de ter de possuir janela própria. E possuir paredes próprias.

Não pensar nas injustiças que cometo comigo mesmo. Não pensar no medo de caminhar e achar novas infelicidades. Retornar assim, à inercia, à cavalaria.

Invejo a calma dos desenhos dos azulejos notados e amados pela poeira.




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terça-feira, 9 de março de 2010

AS FLORES QUE FALEI

"E tudo que eu andava fazendo e sendo eu não queria que ela visse nem soubesse, mas depois de pensar isso me deu um desgosto porque fui percebendo [...] que talvez eu não quisesse que ela soubesse que eu era eu, e eu era".

O que quer que eu diga, não sei o que te dizer, você fica transfigurando seus problemas, o futuro brilhante, as perspectivas, os seus sonhos - antes parecia tão real. Agora olhe seu estado, você não está bem, é claro que você não está bem, mas simplesmente cala-se. Eu não sei mais o que fazer, eu juro que não sei mais o que fazer.

É assim, a gente vai machucando aquilo que mais ama.

Ela apertava os lábios, um contra o outro, como alguém que retoca o baton. Têm os olhos borrados com o contorno do que sobrou da maquiagem da noite passada. Deve ter vindo até aqui comigo por pena. Não, sem dúvidas que não, estava com saudade, não parece que filantropia seja o seu forte, ou onde estaria a personalidade que tanto vem me fascinando?

Antigamente e durante bastante tempo, nós tínhamos imaginado os fast-foods de final de semana, a casinha de tijolos com um belo jardim, as carreiras de sucesso com os impostos pagos, os filhos saudáveis, felizes e bem educados. Toda a espontânea validade que pode existir na metafísica de uma vida aparentemente comum. Agora estávamos ali, sentados, no alto de um prédio, ela tomando um sorvete, lado a lado, os cheiros se misturando, aquela sensação de nostalgia das noites e tardes na cama.

Não tenha grandes esperanças, sinceramente, elas não vão acontecer.

Tenho uma certa estranheza com a forma covarde que desatava certos mistérios. Não queria demonstrar que todas as vezes que atravessava uma avenida pensava desesperadamente em um atropelamento, que inquietamente ficava olhando para os próprios pés. Não queria parecer que tinha perdido o controle e que eu não tinha grandes esperanças. Por alguns intantes consegui falsear um sorriso, apertando o cigarro, quase no fim, por entre os dedos.

- Tudo está no fim, estamos todos fodidos, e numa estimativa a longo prazo todas as expectativas caem a zero -

Você sabe que não precisa disso, é claro que você sabe, da forma que você fala parece que você não consegue resolver os seus problemas. Depois que eu entrei na sua vida. É esquisito comentar para alguém a sua alto-insuficiência, toda a sua carência, toda a sua frustração. Durante minha busca pela máxima extensão da minha autodestruição, tinha escolhido um modo paulatino, acabar devagar, sem pressa, sem um atropelamento planejado ou qualquer coisa deste tipo. Se fosse para ser rápido, deveria de ser algo inevitável, fruto dessas medíocres vicissitudes do acaso, caso contrário, teria de ser paliativo. Pequenas doses, como as de raíz de valeriana, aos poucos, sedando, perdendo sem acreditar em nada, sem fé nenhuma. Sem deus. Muitas vezes acho que...

"Em vão tento me explicar [...]
As coisas. Que triste são as coisas, consideradas sem ênfase.

Vomitar esse tédio sobre a cidade".

Sim, vomitar esse tédio, esta angústia, ou seja lá a que se chame esta enxurrada que constantemente me revira tudo por dentro. Desmontar o cenário, descer do palco. Quem sabe pedir desculpas por ser eu mesmo. Mas durante todo tempo ela continuou afirmando que eu não precisava mais disso, com toda certeza, convicta, com o coração, com as lágrimas nos olhos, como alguém que ama, ama muito, ama tanto que se despede simplesmente para não deixar de amar. Simplesmente para não deixar.

Depois que ela foi embora, voltei pela avenida, cego, desorientado. Deveria ter segurado pelos seus braços, dizer que a amava muito, que era um erro, mas, quem sabe, talvez o acaso decidisse aparecer e, no entanto, no fundo, eu era eu, e nem nisso eu acreditava.








"O passado aconteceu, a partida não pode ser jogada de novo e, por isso, podemos perceber as coisas com mais clareza".









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quarta-feira, 3 de março de 2010

REMINISCÊNCIAS

Sentia-se discreto, ausente, pequeno, tentando puxar um pouco de ar escondido no seu aquário de concreto, enquanto as pessoas trepam em motéis baratos e os velhos frenqüentam clubes dançantes em plena quarta-feira tarde. Os cigarros vulgares encobrem a falta de dinheiro, mas tem coisa mais autodestrutiva que insistir sem fé nenhuma? Nunca se imaginou assim.

Talvez pudessem ter dado certo, depois lembra da feliz história de seus pais. Como eram seus heróis, como perseveraram em seus sonhos. Bolhinhas de sabão em um mundo ordinário, onde você não entende nada e, depois, simplesmente morre.

Lembra da garota do segundo ano colegial, como você pode gostar de uma escrota daquelas, era novo e idiota, me deixou por ter muito cérebro e pouco bolso. Depois foi branquela de outro Estado, um donaire impressionante, com olhos que faziam um dia ruim ser mais tolerável. Lembra dos pesseios no parque, os jantares vegetarianos?

A camisinha é o sapato de cristal da nossa geração. Você calça um quando conhece um estranho, dança noite toda, depois joga fora, a camisinha, é claro, não o estranho!

10 mg de alcatrão e monoxido de carbono com 0,9 mg de nicotina é que deixam um dia ruim mais tolerável. Pedia um cigarro entre conhaques baratos no aquário pequeno no meio do grande celeiro iluminado. Coloca Jesus agora, o primeiro...

Sensível ironia do destino, ela era vegetariana né, pensa bem cara, têm tanto pasto, tanto boi, você só vê boi, por onde passa, mais nada, isso é improdutivo, ninguém lembra da exploração racional, leite e ovos. Penso também no meu desenvolvimento sustentável interno, como manter?

A vaca de cabelos vermelhos, bois me lembram aquela grande vaca de cabelos vermelhos. Insensível, indiscreto, completamente livres, para uma coisa que não condiz com seu perfil. Saindo com outras garotas, ela, não você, depois desaparecendo como algo ruim que não poderia ser evitado.

Já se imaginou usadíssimo assistindo TV em pleno domingo? Muito açucar, muito chocalate e uma vida amarga. Gosto da sobremesa nos almoços de família, sempre alertam que a hora de ir embora está mais perto. Seja no trabalho ou em qualquer lugar você não vê a hora de sair correndo, depois de tanto correr, você não chega a lugar algum...

Deslizo um cigarro, queimo a espessa película do sofá amarelo, a gente deveria viver deste modo, sem se preocupar com as cristaleiras empoeiradas, sem se preocupar com uma organização sacrossanta, espirrando creme dental no espelho do banheiro. Ela cuidava tanto daquela casa que esquecia-se que existia.

De tanto perder a gente acredita mesmo que ama alguma coisa. Lembra daqueles enormes bustos com óculos, quantas histórias, é, quantas histórias, poderíamos ter nos convertido, comprado um carro, construir uma casa, o sonho americano, é, o sonho...

Besteira qualquer, ainda tem conhaque, a gente nem chora mais.






Jesus acabou, coloca outro disco...







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terça-feira, 2 de março de 2010

ENSAIO SOBRE A FELICIDADE II

"Eu só queria era salvar a minha, veja só que coisa mais individualista elitista capitalista, eu só queria era ser feliz, cara, gorda, burra, alienada e completamente feliz."


Há dias tenho tentado descartar a hipótese, ainda mal formulada, que meu psicológico atormentado seja fruto de uma infância mal orientada, uma junventude acidentada e insensata. Acho espantoso como as belas casas, os carros importados e todos os intens que comovem as pessoas não me causam a menor impressão. Eu só queria ser feliz. Se a isso me coubesse ser caro, gordo, burro, alienado, para ser completamente feliz, não me importaria.

É engraçado ouvir Radiohead às três horas da manhã. Dois comprimidos de cloridrato de trazodona não me colocam para dormir. Eu queria ser feliz, completamente feliz, talvez, para isso, precisasse apenas dormir. Dormir como um bebê. Mas, existe (mesmo) sempre alguma coisa ausente que me atormenta. Por detrás de um sorriso irônico e amargo me pergunto se tem algo mais carente que o ser humano.

Janeiro vai ter as chuvas de abril.

Me adiantei a me tornar alguém sem gentileza e sem elegência. Autores decadentes, uma vida sem surpresas. Ideologias avessas e milhares de sonhos no coração. Pontualidade, desespero, uma coleção de despedidas. Uma seleta lista de mulheres que não amei, de momentos que não vivi, de vezes que não acreditei e fracassos que nunca soube esquecer...



Pessoa morreu em 1935. Ainda sim, não me vejo caro, gordo, burro, alienado. Talvez só tenha que aceitar que minha tristeza seja natural e justa, se é que existe justiça para alguma coisa.






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Pronto, Karma Police.

domingo, 28 de fevereiro de 2010

AFETO...

"Ando meio fatigado de procuras inúteis e sedes afetivas insaciáveis".

Mas, hoje é um daqueles dias que o universo amanheceu devidamente pequeninho. Não por extensão, mas por me faltar ao sossego que preciso para seguir em frente. Sem dúvida é o silêncio que nos dilacera, não os momentos de desafetos.

Acho mágico todos os ensinamentos que aprendi com minha sensibilidade, ainda que minha dureza para com tudo me afaste de ser bem maior. Se aquela tênue linha entre a realidade e os sonhos acaba por ser um dos grandes mistérios para o nosso crescimento, você também descobre que o tempo vai nos impedindo de sonhar. Quem sabe...

Não sei como responder a minha ânsia de não ter parada, nem hora e nem endereço. Mas de que me valeria alcançar tudo isso se eu continuasse pensando e não acumulasse afetos. Alguém bastante solitário que experimentou a poeira de vários lugares da terra, disse que "a verdadeira felicidade só existe se for compartilhada". Não tenho nehuma objeção que esse vazio não me traz a paz que tanto procuro.










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quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010

POESIAS DO DESASSOSSEGO

Todas as subjetividades que tangem,
não me fascinam tanto como o cheiro. -o seu-
Descobri que tenho uma grande sensibilidade
com as coisas,
que não pertecem ao mundo da matéria.

Hoje a casa acordou quietinha...
pequena e calma.
Por detrás da indiscrição do silêncio
sua foto em preto branco,
sorria.

Pareceu mesmo que
"amar é a eterna inocência,
e a única inocência é não pensar".










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domingo, 21 de fevereiro de 2010

POESIAS DO DESASSOSSEGO

Têm pisos brancos na pequena sala
Com um vidro que desponta para um horizonte de concreto.

Eu estava ali sentado
para alguém que nem conheço,
tentando explicar as causas da minha insensatez
falando da musiquinha da propaganda da trissomia do cromossomo 21.
Não sei donde

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Lembrei-me de quantas vezes observava
as pessoas se alimentando
milhares de emplastos de gordura,
Aquela sensação da imundície do mundo

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Vamos tentar Cloridrato de trazodona,
um pouco de exercícios,
respirar
sono bom e saudável,
paregórico.


Mas do que nunca
minha biografia.
Eu, o grande turista.









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terça-feira, 16 de fevereiro de 2010

POESIAS DO DESASSOSSEGO

É bem verdade
que com o tempo as camisetas de meu guarda-roupa
foram ficando todas pretas...
Não sei se isso diz algo
sobre minha psicologia, ou estado de impaciência.

Também é bem verdade...
que com o tempo aquela vontade de olhar no espelho
foi ficando para trás
E talvez seja isso que chamem de amor próprio
ou quem sabe, ausência dele...
Mas ausência me tem sido uma palavra bem usual.

Eu queria ser bem maior, sabe?!





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segunda-feira, 15 de fevereiro de 2010

As PEQUENAS MEMÓRIAS já escritas - 02 -

Amanhã aguardo que você retorne,
vivo aguardando tanta coisa
Que às vezes esqueço de mim mesmo.

Falta-me a sensibilidade com tudo...
Sou um horizonte em linha recta
em que qualquer lápis esquecera de rasbiscar a paisagem.
É quase como um poema sem verso
talvez uma só linha, uma só palavra,
De sentido a procurar sentido
De uma cegueira aonde há cor.

Falta-me expressar com quem necessita de expressão...
a quem talvez
um dia a gravidade levou,
Como aquelas histórias de final triste...
que terminaram na hora errada
que nunca haveria hora para terminar
e a borracha da vida mesmo assim apagou.





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quinta-feira, 11 de fevereiro de 2010

POEMA PEQUENO...

Tenho um mundo pequeno...
Algumas centenas de livros
uma seleta coleção de canções tristes
E rabiscos que ocultam minha loucura...

Tenho também um universo pequeno.
Repleto de minhas desilusões escancaradas
Onde de uma forma ou de outra...
não deixo de sucumbir às minhas cóleras,
nem sempre reprimidas.

Se você tirar os sapatos coseguirá sentir o chão frio,
ainda que tempos depois sinta saudade do calor que tanto te sufocava.
Eu queria dormir não como alguém que se deita para aliviar o casaço
Mas como alguém que consegue um sossego para a alma.

Sabe aquela histórinha de que a verdade é o que vemos no espelho?
Tenho hoje a impressão que sou toda a verdade...
as vezes que consigo mentir.

Sou como alguém dorme ao olhar das estrelas
E estica os braços para alcançá-las
Esquecendo que elas sempre estarão lá,
somente para serem vistas...





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quarta-feira, 3 de fevereiro de 2010

RASCUNHO

Poucas coisas me preocupam tanto como o meu silêncio próprio.


Se o corpo ou a mente não falam
O espírito não dorme...
ainda que você já tenha se acostumado a perder...

Pior que o catarro é não conseguir jogar para fora.





quinta-feira, 28 de janeiro de 2010

CAIXINHA DE ANSIOLÍTICOS

"E cada um de nós é o erro de cada um de nós apenas."





Hoje as palavras não me vieram, e com elas devem ter ficado a tristeza, a alegria e toda a discrepância do que é vida. Porque todo equilíbrio é uma ausência, e toda ausência é um limbo de sonhos irrealizáveis. Eu invejo todas as lagartas, que sabem a hora de se tornarem borboletas. Porque do casulo eu volto ao pó. E se tudo isso que chamam de "vida é um mar de gente, eu não consigo me molhar"...





A olheira nos meus olhos,
O uísque
A oração para dormir,
Apago a luz.

Deus é tão real e visível como se queira ver
Os meus cigarros que já exalaram mais o perfume de vida...
Um chá gelado e algumas mentiras







domingo, 24 de janeiro de 2010

ANESTHESIE

"Eu poderia levar a vida mais agradável e feliz, se não fosse um insensato."


O deus de minha mãe a despiu de todos os seus sonhos. Eu me pergunto qual desculpa do maravilhoso vai sustentar minha geração de cépticos. Os fracassados da Grande idiotice. Pode parecer esquisito, mas, quando você não possui nenhuma foto do verão, parece mesmo que tudo que você fez foi um grande desassossego.

Depois da primeira tragada demora vinte segundos para que a nicotina alcance seu cérebro. Parece estranho mas, antes de 1950, você não engrossaria a fila dos suicidas da fumaça, dos cancerosos do capitalismo moderno, das indústrias de benzodiazepínicos e outros genéricos que curam o tédio.


Nicotina e outras coisas sem endereço...

Poucas coisas no mundo condensam tanta metafísica como a felicidade. Ai você começa a se perguntar que quando chegar abril, poderá ser tarde para a abrir a janela e deixar que o sol amenize o bolor da vida. "Tens fios demais a estragar-Me o quadro"...

O que pouca gente sabe é que a nicotina interage com receptores neurais, que acabam liberando substâncias como a dopamina, acetilcolina, serotonina e betaendorfina, que conferem uma sensação de prazer imediata. Antes de 1840 isso seria pouco provável.


Para falar a verdade, algumas das coisas que mais me sufocaram no mundo não possuiam azulejos, nem paredes, nem sacolinhas de plástico, nem fumaça...

Antes um prazer imediato, que essa sensação de estrangeiro a vida toda...






quinta-feira, 21 de janeiro de 2010

DESPEDIDA

Tenho sempre um lenço branco. Como alguém que vive uma vida de despedidas. Reparo sempre nas malas sem metafísicas das pessoas que cruzam a grande Rodoviária, e somem como algo que existe para mim por apenas alguns segundos. Aquelas coisas que só existem depois na sua cabeça, naquele pequeno momento como uma realidade estranha e surreal. Então é...

Respirar, respirar, respirar. Sem isso a engrenagem cardíaca pára. Você não quer perder o controle e sair pela tangente. Sabe aquela sensação de que todas as coisas que você mais ama estão se disipando como areia. Aquela sensação de que você está soprando todos os seus sonhos para um grande Nada.

Tenho sempre a sensação de que todos os meus movimentos são friamente calculados por uma onda fracasso. Como alguém que falhou consigo mesmo. Como uma peça errada para um imenso quebra-cabeça chamado mundo. Reparo sempre no sorriso das pessoas, transpirando com o mundo, dançando a grande música da felicidade. A canção das mentes limpas e dos sonhos realizados. Depois disso, as coisas somem e se dissimulam como algo para mim ininteligível. Então é...

Manter a calma, calma, calma. Sem isso a sanidade mental te atropela. Você não quer ser engolido pelo seu próprio turbilhão de mentiras. Sabe aquela sensação de que você perdeu toda a noção do tempo para fazer a coisa certa. Aquela sensação de que boa parte do que você acredita está bem longe do alcance das suas mãos.

Tenho sempre a sensação que destruo as coisas que amo. Aquela imensa sensação de eu me mesmo me tornei uma despedida.




terça-feira, 5 de janeiro de 2010

PSICOFARMACOLOGIA

"Você sempre terá uma desculpa para não viver a sua vida."

Estar em equilíbrio é perder todas as esperanças, do mas, o mundo não passa de uma caixinha de paregóricos. Repare naquelas pessoas tortas, paradas nos pontos de ônibus. Talvez alguém as explodiria no Oriente Médio.

Os frasquinhos de diacetilmorfina da Bayer. Curava tosse de crianças e ainda causava a sensação de alegria. No fim, tudo é uma óptica de uma óptica de uma ilusão que você não percebe.

Seu Ninguém Sem Esperança é faixineiro de uma grande empresa. Ele limpa toda a obscenidade do mundo, toda a merda do mundo. Com a sensação de alegria. Onde estão os National Vaporizer Vapor-OL para asma e outras afecções espasmódicas?

Se você ingerir cerca de 20 vezes mais das habituais doses de determinados benzodiazepínicos terá hipotonia muscular, dificuldade grande para ficar de pé e andar, hipotensão e desmaio. Se aumentar mais um pouco da dose pode entrar em estado de coma e morrer. A mistura com álcool também potencializa os efeitos do remédio, podendo ser altamente prejudicial.

ANESTHESIE. Pense nos tabletes de cocaína indispensáveis para professores, oradores e cantores da V. Vandebroek Pharmaciem. Aquietavam a dor de garganta e ainda garantiam uma sensação animadora na pessoa. O seu estado de espírito não importa, porque eles fabricam alegria.

Enlatados. Você acorda como uma sardinha no azeite que deixaram embolorar. Você exala toda a sujeira do mundo, toda o constrangimento da humanidade. Você é apenas seu universo microscópico. Seu microcosmo de mentiras que te deixam feliz. As pessoas sorrindo para as fotos. O sorriso escroto dos vencedores da grande mentira, dos vencedores da grande babaquice, os vencedores da reles corrida pelo capital. Ad Infinitum...

Onde estão os tabletes de Glico-Heroína da Martin H. Smith Company? Analgésico, remédio contra asma, tosse e pneumonia. As pílulas rosadas para uma coloração melhor? Sensação de alívio e bom humor para seus problemas.

Sabe daqueles Drops de Cocaína da Lloyd Manufacturing CO.?

- Os meus favoritos. Sem dúvida!

"COCAINE, Toothache Drops - Instantaneous Cure! Prince 15 Cents."

Melhorava instantenamente o bom humor dos pacientes, geralmente indicado para tratamento de dor de dente de crianças e adultos.

Desde o surgimento da fluoxetine hydrochloride em 1988 são prescritas cerca de 1 milhão de receitas deste fármaco por mês. Porque se as pessoas acordarem ou estiverem vivas, os donos do universo cairiam.




domingo, 3 de janeiro de 2010

SAPATOS

"Até cortar os próprios defeitos pode ser perigoso. Nunca se sabe qual é o defeito que sustenta nosso edifício inteiro."

- Como porcos de lacinhos rosa que correm atrás de lavagem. As pessoas estão desfilando, formando um tapete disforme nas ruas.

- Todas as possibilidades são um fracasso.

Quando você começa a se perguntar muito sobre o sentido da sua existência você entende até que ponto a vida zombou de você. Ela nunca usava maquiagem. E aquela elegância com a ausência de maquiagem me maltratava. Por alguns momentos era como se todo o lixo da minha vida fizesse todo o sentido para alguém. Era como um espasmo de tempo que conseguia travar o mecanismo da patologia do autofracasso que durante anos revelara quem eu fui. Melhor, quem eu sou.

Ela nunca olhava para os meus sapatos.

Sabe aquela sensação de que se você se atrasar vai deixar alguém que ama muito esperando. As pessoas às vezes se esquecem da hora. Perdi as contas de quantas vezes eu mesmo acabei perdendo.

Você não consegue dizer muita coisa quando está quase sem esperança. Naquele momento ela me abraçou e todas as noites que ela sorria faziam todo o sentido. Sem o plástico que asfixia as relações das pessoas que reparam nos meus sapatos. Real como os maltrapilhos velhotes que se arrastam catando papel pelas ruas.

Na verdade, leva alguns anos até que você entenda que todas as suas possibilidades são um fracasso. A minha geração difere da geração dos meus pais somente porque ainda não temos idade suficiente para enterder.

- Nada. Absolutamente nada.

Somos uma geração de porcarias que falharam com o sistema. A geração de porcarias que constrói o mundo. Uma leva de anônimos das estatísticas surrealistas da história do contidiano, da história do esquecimento. Longe disso, me lembro de todas as noites que passávamos quietinhos para não ouvir o mundo.

Ela transpira pelas lentes do óculos e faz a simplecidade parecer um final de semana feliz na praia. Sem reparar nos meus sapatos. Porque parece mesmo que o amor é aquele velhinho cego que só quem não estava preocupado com as luzes do semâforo viu passar.

Não sendo, eu era apenas os meus sapatos.