terça-feira, 2 de março de 2010

ENSAIO SOBRE A FELICIDADE II

"Eu só queria era salvar a minha, veja só que coisa mais individualista elitista capitalista, eu só queria era ser feliz, cara, gorda, burra, alienada e completamente feliz."


Há dias tenho tentado descartar a hipótese, ainda mal formulada, que meu psicológico atormentado seja fruto de uma infância mal orientada, uma junventude acidentada e insensata. Acho espantoso como as belas casas, os carros importados e todos os intens que comovem as pessoas não me causam a menor impressão. Eu só queria ser feliz. Se a isso me coubesse ser caro, gordo, burro, alienado, para ser completamente feliz, não me importaria.

É engraçado ouvir Radiohead às três horas da manhã. Dois comprimidos de cloridrato de trazodona não me colocam para dormir. Eu queria ser feliz, completamente feliz, talvez, para isso, precisasse apenas dormir. Dormir como um bebê. Mas, existe (mesmo) sempre alguma coisa ausente que me atormenta. Por detrás de um sorriso irônico e amargo me pergunto se tem algo mais carente que o ser humano.

Janeiro vai ter as chuvas de abril.

Me adiantei a me tornar alguém sem gentileza e sem elegência. Autores decadentes, uma vida sem surpresas. Ideologias avessas e milhares de sonhos no coração. Pontualidade, desespero, uma coleção de despedidas. Uma seleta lista de mulheres que não amei, de momentos que não vivi, de vezes que não acreditei e fracassos que nunca soube esquecer...



Pessoa morreu em 1935. Ainda sim, não me vejo caro, gordo, burro, alienado. Talvez só tenha que aceitar que minha tristeza seja natural e justa, se é que existe justiça para alguma coisa.






...
Pronto, Karma Police.

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