terça-feira, 1 de dezembro de 2009

Sem Surpresas

Sem surpresas. Eu me espantaria se encontrasse o contrário.

As pessoas sorriem em meio ao violento sol na praça ao lado da minha casa. Me lembram que é Dezembro. Junto com ele, recordo de todas as mazelas que nascem com o verão. O calor terrível que aos poucos trava e sufoca sua mente, natal, o ano novo e todas essas coisas que acham um grande motivo para serem comemoradas. Então, de uma forma comovente e espontânea, que chega a me dar enjôos, as pessoas renovam o pacto subjetivo e que só pertencem ao mundo da matéria.

"De todas as coisas que eu tive as que mais me valeram, as que mais sinto falta são as coisas que não se podem tocar, são as coisas que não fazem parte do mundo da matéria". Não sei se isso é bem a definição de um depressivo à moda antiga. Não sei para este tipo de coisas realmente haja uma definição, essas coisas que restringem. As minhas olheiras não escondem as frustrações de mais um dia em que as nuvens, o sol, e toda estaticidade normal do pontinho oblíquo em que vivo parece me rebaixar.

Ouvi uma vez, em um lugar que não lembro, que lavar a louça era terapêutico. Então você pensa que para isso seria necessário limpar toda a sujeira das louças do mundo, pra não se explodir.

Quando você menos percebe se tornou tão repetitivo e mecânico que nem consegue reconhecer a si mesmo. Eu dou milhares de voltas antes de parar nos mesmos lugares e perceber que não vale a pena. Hoje em dia nada disso me soa como algo trágico, às vezes, você chega em um estado de paralisia tão grande que até as tragédias em todas as coisas são estáticas.

Joaninhas trepidando em capins numa chuva forte. Sem surpresas.




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