quinta-feira, 9 de julho de 2009

Ditames da modernidade...

Uma, duas, três, quatro xícaras de café. A cada ano que passa os índices de desenvolvimento social apontam números melhores, se isso é verdade, eu não sei. Hoje em dia fumo duas vezes mais ao que fumava há um ano atrás. Estamos tão perdidos que depois de alguns anos você saberá seu nome apenas se consultar alguma das contas da Google. Primeiro eram as manufaturas, depois a fábrica, a indústria, as multinacionais, as corporações. Você está tão enlatado como todos os produtos que consome todos os dias. Todas as ruas estão imundamente cheias, semáforos, placas de sinalização, nos tornamos um endereço em meio a esse universo paralelo chamado planeta Terra. Se eu fosse ajudar a todos que precisam, morreria de fome.

Católicos romanos, protestantes, budistas, judeus e todas as outras religiões e deuses que lutam tentando sobreviver em meio à tecnologia. Você tem um Mercedes de primeira linha, passou quase uma dezena de anos na faculdade de medicina e acorda todas as manhãs perdido e com o mesmo sorriso amarelo na cara. Daqui uns anos terá tanta coisa que nem irá sorrir.

Você acorda, liga a Tv e descobre instantaneamente que um avião acabou de cair no Paquistão matando centenas de pessoas. Você nem sabe onde fica o Paquistão e tudo isso não faz o menor sentido porque você está dançando em meio a festas da alta sociedade, antes que você aperte uma tecla do seu celular e um Taxi o leve para casa. Você tem uma torradeira que não usa, e comprou uma mesa de jantar nova que nunca vai usar porque não tem tempo. É muito provável que nunca consiga comprar um PATECK PHILIPPE e que sua vida continue passando diante dos seus seus olhos. Aos quatorze anos de idade poderia ter sido tudo o que sonhasse.

Você pode comprar ingressos na primeira fila para assistir Manchester e Liverpol, comprar passagens para Amsterdã sem sair de casa e pode escolher entre um milhão de comprimidos para a dor de cabeça. Você pode comprar um Mc Lanche Feliz e ganhar um brinde de plástico ou pelúcia e ligar o ar condicionado porque a cidade onde mora está a cada ano mais insuportavelmente quente. Você está no trânsito e não abre os vidros, pode ser assaltado e nem repara que não existem mais árvores. Na manhã seguinte acordará novamente no paraíso. O cartão de crédito no seu casaco estampa seu nome, e assim você está incluindo no Éden mundial do crédito monetário. Você não consegue mais transpirar, pois o suor evapora antes que deslize pela sua face. Nada disso importa porque você pode usar aquela camisa Polo da grife do ano.

Vírus da gripe, AIDS, Tuberculose, Câncer. Você compra hortaliças orgânicas e assim poupa sua saúde. Existem várias academias e você malha para manter um físico invejável. O que não reparou que a parte de tudo isso acabou caindo em um estado de paralisia psicológica que mal consegue se orientar. Você não sabe que precisa se orientar, você compra, e paga tudo em dinheiro. Está casado a alguns anos e talvez queira ir ao Caribe, ganhar na loteria, ganhar. O sangue que corre em suas veias não é o seu, o ponto de vista que fala não é o seu. Você não tem ponto de vista, você não tem nada. Está preso em meia a essa grade de vento rodeada por prédios. Nos tornamos escravos do concreto, do câmbio, da rede virtual. A sua mente e seu corpo são mais mecânicos que as engrenagens do relógio no seu pulso. E você não sabe.

2 comentários:

  1. Este comentário foi removido pelo autor.

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  2. blábláblá, admirável mundo novo e alguns temas que parecem constantes em dois míseros posts.

    keep like this boy.
    but again, this is just one fucking and meaningless coment.

    e lembre-se: todos morreremos de gripe suína.

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