segunda-feira, 3 de agosto de 2009

Rabisco Blasé

São as linhas de pipas da infância que se mesclavam em meio a antenas e fios de eletricidade, com o pano de fundo de um céu azul celeste redundante. O tédio, esse artífice híbrido do cotidiano de existir, ai entrando pelas janelas. Um dia tacanho, dum inverno mais longo, de um ano comum.

O espantalho capenga sorri em meio ao jardim insosso de seu tempo já ultrapassado. É isso que podia notar, ainda que as garotas levassem esmaltes vermelhos, e os óculos escuros. Uma dicotomia entre computador e máquina de escrever, pra uma geração que não sente saudade e nem tem perspectivas para o futuro. É como se de uma hora para outra, tudo tivesse parado e nem os movimentos de vanguarda que outrora anunciaram um mundo moderno deitassem um ar de novidade. Foi o que eu vi questionarem quando não me lembro quem, disse que tudo que se move vai chegar a algum lugar.

Tudo anda tão homeopático que não demora muito pra você começar a se perguntar se o remédio pode mesmo curar a patologia, ou, a paralisia. Em tempos de nano, o macro se tornou tão metafísico quanto a realidade, e mesmo o abstrato insolúvel e indecifrável por natureza, ganhou um aparato teórico e de entendimento. Conheço pessoas que chamam a isso de razão, ou evolução, mais depois de uns tempos você descobre o quão pífio o argumento pode ser.

Rabisco blasé pra fingir que a vida não caiu no ostracismo.

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